sábado, 4 de fevereiro de 2012

Quantum of Solace


Foram dois anos de espera desde Casino Royale. Depois de atribuírem a responsabilidade a Daniel Craig de encarnar o agente secreto mais famoso do cinema, e de terem ganho o primeiro desafio, era com alguma expectativa que se aguardava pela nova prestação de 007. Quantum of Solace pode não ser um nome tão típico como os habituais da filmografia sobre James Bond, mas demarca completamente Daniel Craig como o protagonista de uma nova visão de 007. Não é somente o temperamento dele que mudou, mas toda a estrutura habitual que esta saga já nos tinha habituado. Porém, os mais assustados podem ficar descansados, visto que este filme não desdenha o passado. Afinal, podemos ainda encontrar grandes perseguições de carros, mulheres tão belas quanto letais, e uso (embora moderado) de gadgets tecnologicamente avançados. É um outro Bond, simplesmente menos fantasioso, e mais realista.

O enredo inicia-se após os factos trágicos de Casino Royale. Numa situação inesperada no universo de 007, Quantum of Solace assume-se como sequela directa do anterior filme. Embora tenha um segmento narrativo independente, é aconselhável o visionamento de Casino Royale para uma melhor compreensão da história no seu todo, e sobretudo, no entendimento dos estados emocionais de Bond.

Após a trágica morte de Vesper Lynd, o MI6 vê-se confrontado com uma organização criminosa secreta com ramificações mundiais. Apesar da pouca informação que possuem, cedo torna-se claro que a confiança no meio do MI6 é algo frágil. Neste contexto, Bond é encarregado de seguir as poucas pistas obtidas, ao mesmo tempo que procura recuperar-se da mágoa e raiva de um amor perdido, e do desejo de vingança que lhe consome o espírito. Pelo meio encontra Camille (Olga Kurylenko), uma mulher sedutora com um objectivo próprio, e Dominic Greene (Mathieu Amalric), um emissário da obscura organização, e que será mais um degrau no trajecto de Bond em conseguir respostas para as suas questões.

Ironicamente, é curioso como o conceito de confiança (de Bond para consigo e com os outros, assim como de M e do MI6 para 007) é tratado neste filme. Numa situação onde todos questionavam se este Quantum of Solace seria mais do mesmo, com o decorrer do filme claramente verifica-se que não. A acção frenética está presente, assim como as frequentes seduções de Bond. Porém, o núcleo central de personagens é menos plástico, conseguindo demonstrar diversas camadas de humanidade. A realização de Marc Forster ajuda a isso. Para além disso, é curiosa a representação de Camille como uma companheira de armas em vez de mais uma mulher no portefólio de 007. Esse pormenor torna Quantum of Solace com algo sólido e coerente. Estas situações podem ser pormenores, mas afinal, são esses cuidados que distinguem os filmes.

Quanto ao Quantum que o título tanto fala, deve-se dizer que direcção do argumento consegue acompanhar o espectador sem o defraudar por completo. Sejam as respostas limitadas, ou aparentemente incompletas, os fãs (e não fãs) não serão desamparados à medida que se criam novas expectativas para o próximo filme. Quantum of Solace pode não ser o meu predilecto da saga Bond, mas foi o me deixou mais ansioso pelo seguinte!

4 estrelas


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